Blog
Agro representa 13% da energia solar no Brasil e tendência é crescer
13 de Outubro de 2022
A geração de
energia solar fotovoltaica vem crescendo e batendo marcas históricas no Brasil
e o agroengócio vem acompanhando essa tendência, com os proprietários rurais
mais atentos ao potencial desta tecnologia. Em todo o país, considerando
pequenos e grandes projetos, a potência instalada chegou a 20 Gigawatts (GW),
de acordo com dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(Absolar). Só na chamada geração distribuída (usinas de até 5 megawatts) são
13,5 Gigawatts no Brasil, 1,9 Gigawatt (GW) em propriedades rurais.
A participação do
setor rural na geração distribuída é de 13,6%, de acordo com a entidade. E a
expectativa é de cerscimento, estimulado pela consolidação de normas legais e
pelas diversas possibildiade de investimento em energia solar por parte de
produtores rurais.
Guilherme Susteras, coordenador da Absolar, explica
que a Lei 14.300/2022, garante aos projetos apresentados 7 de janeiro de 2023 a
manutenção, até 2045, da regra que determina que 100% da energia cedida à
concessionária retorne para o local, num prazo de cinco anos. Projetos
apresentados após 7 de janeiro terão um porcentual reduzido gradativo até
chegar a 75% de recebimento da energia excedente até 2029.
“Sem dúvida o agro entrará nesse processo, porque a
atratividade será muito melhor. As que tiverem condições de investir vão buscar
para ter mais cedo esse benefício”, afirma. Segundo Susteras, em média, há
geração de 18 KW nas propriedades rurais brasileiras, o que significa o uso de
45 paineis solares. A produção somada desses pequenos
empreendimentos no agro supera a indústria (0,9 GW), mas ainda abaixo do uso
residencial (6,6 GW) e comércios (4,1 GW).
O executivo explica que hoje é grande a facilidade
de financiamento. O agricultor vai pagar durante cerca de cinco anos pelo
investimento em um sistemas que dura pelo menos 20 anos. Hoje há 20 mil empresas
de engenharia no Brasil que realizam a instalação e, segundo Susteras, essas
próprias empresas é que fazem o meio de campo entre o produtor rural e os
bancos para realizar os financiamentos. “O produtor precisa levar só uma conta
de luz para o fornecedor”, afirma o coordenador da Absolar.
Régis Hermes, pequeno produtor de 40 hectares de
arroz de Santa Cruz do Sul (RS), instalou em 2019 48 placas solares, que hoje
alimentam a energia necessária para a secagem do produto e o consumo da
fazenda. Segundo Hermes, a expectativa é que o investimento se pague em até
oito anos. Ao ano, o agricultor pagava uma conta de R$ 15 mil de energia
elétrica, hoje paga o mínimo de R$ 100 à concessionária.
“Para mim, foi vantajoso, porque eu colho o arroz
que precisa ser seco para se conservar. O arroz é seco com ar. E com isso eu
gastava muita energia, fica três meses ligado o motor para secagem. Com a
aquisição das placas, eu consigo usar essa energia na secagem do arroz. Começo
em março e termino em junho. E, no verão, acumulo crédito da energia que ela
produz na rede. Porque eu gastava muita energia sem as placas”, diz o produtor,
que pretende ampliar sua estrutura de placas solares.
De acordo com a entidade que representa as empresas
de energia solar, além de econômica, a energia solar é segura, uma vez que no
interior do País o fornecimento nem sempre é regular. Além de agregar valor à
produção, já que se trata de energia limpa e renovável. “Quem produz café
gourmet, além de ser especial, pode dizer que é usado energia sustentável, a
produção orgânica, a mesma coisa. Pode ter oportunidade de ter receita
adicional agregando valor ao seu produto”, exemplifica Susteras.
Pequenos e grandes
Mas
o investimento em energia solar não se restringe a pequenas propriedades. O Grupo Progresso, que comanda seis
fazendas - cinco no Piauí e uma em Minas Gerais - investiu R$ 7 milhões em
energia solar em 2017, quando foi instalada uma grande usina com potência
instalada de 1,6 mil kW com 5.120 módulos solares na Fazenda Progresso, em
Sebastião Legal (PI), a 400 km ao sul de Teresina.
Nessa fazenda, produz-se milho, milheto, soja, algodão e sorgo em 36 mil
hectares. E, no ano passado, a usina foi ampliada para uma capacidade instalada
de 2 mil kW, seguido da instalação de outras usinas menores em quatro fazendas
do grupo. O investimento foi de R$ 10 milhões. Odirlei Eltermann, gerente
industrial do Grupo Progresso, explica que o motivo do investimento visa
aproveitar a energia do sol para a industrialização dos produtos no
pós-colheita, como o beneficiamento do algodão, por exemplo.
“Outro motivo além do financeiro é a questão ambiental, com fonte
renovável atendendo a industrialização. E em épocas do ano, há excedente que
depois retorna como crédito para as fazendas”, explica o executivo. “Toda a
parte de industrialização do pós-colheita movimenta grandes volumes que são
alimentados por motores elétricos.”